«O Demónio na Cidade Branca», de Erik Larson, exerce um estranho fascínio sobre o leitor. As realidades que descreve são tão distintas que é chocante imaginar que tenham ocorrido paralelamente, na mesma cidade, na mesma época, no contexto do mesmo grande evento. O relato de uma surge intercalado com o relato da outra ao longo de toda a obra, aumentado a sensação de incredulidade perante fatos reais mais estranhos do que a ficção. Por um lado acompanhamos a Feira Mundial de Chicago de 1893, desde os seus primórdios ao ruir do seu último edifício. Vale a pena regressar ao passado para conhecer este evento inaudito e prodigioso, que graças a um grupo de criadores visionários ergueu em pouco tempo, num terreno inóspito, uma conjugação impossível de prodígios arquitetónicos e paisagísticos nunca antes vista e nunca mais replicada. Para ali foram deslocadas aldeias inteiras de todos os confins do mundo, as quais conviveram entre si e com os visitantes durante vários meses, numa mescla de culturas impressionante.
Na outra face desta moeda move-se um criminoso em série ousado, determinado e absolutamente implacável, que se deleita em destruir todos aqueles que consegue atrair para a sua teia, graças a um charme irresistível. Para levar a cabo os seus desígnios constrói um hotel macabro perto da grande feira, destinado a atrair as visitantes solitárias e a fazê-las desaparecer sem deixar rasto. O número total de vítimas permanece por determinar mas independentemente do seu número, o legado de horror do doutor H. H. Holmes é indiscutível, alimentado pela crueldade macabra com que executou os seus crimes.
Título: O Demónio na Cidade Branca
Autor: Erik Larson
Editora: Bertrand Editora
Ano: 2014