O domador de leões

No mundo relativamente homogéneo dos policiais nórdicos, Camilla Lackberg distingue-se com um estilo muito peculiar. As crónicas familiares detalhadas e quase idílicas convivem com os crimes mais hediondos e terríficos, porque afinal tudo é humano, o amor, a amizade, a compaixão, mas também a inveja, o ciúme, a violência. Sem nunca deixar de ser verosímil, o enredo ganha intensidade e prende o leitor a cada página, sem ter que recorrer aos artifícios da acção constante. Enquanto as personagens vão calmamente buscar os filhos à escola ou os levam às aulas de equitação, fazem o jantar ou vão às compras, o leitor fica preso a algo indefinível que se está a passar nas entrelinhas, o não dito que se subentende. A descrição do quotidiano nunca aborrece, antes acrescenta profundidade e consistência às personagens enquanto adensa o mistério que se vai revelando gradualmente, em pequenas pistas discretas.

Em «O domador de leões», o casal maravilha composto pelas duas personagens centrais desta série policial, Erica, a escritora famosa que se dedica à investigação de crimes reais e Patrick, o competente e esforçado inspector da polícia, vê-se confrontado com várias raparigas desaparecidas, uma das quais acaba por aparecer terrivelmente mutilada, apenas para falecer antes de ter a possibilidade de revelar o que lhe sucedera. Neste livro, Camilla Lackberg vai mais além. Apesar da fórmula ser idêntica à dos livros anteriores, com os traumas do passado na origem dos crimes do presente, pela primeira vez estamos perante crimes em série que atravessam gerações e com uma história que fica em aberto, deixando no ar a possibilidade de uma sequela.

“O pior era a incerteza. Era como se um leão faminto andasse de um lado para o outro à espera da próxima presa”.

Título: O domador de leões

Autor: Camilla Lackbergleoes

Ano: 2016

Editora: Dom Quixote

 

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