É difícil conceber alguém com uma imaginação tão fértil como Terry Pratchett, que da sua criatividade delirante conseguiu extrair esta pérola da literatura fantástica, a primeira obra de uma extensa saga passada num mirabolante mundo imaginário povoado de criaturas extraordinárias, o Discworld. As obras deste autor têm virtudes que as distinguem da literatura do género. Não são apenas mais um elemento indistinto num tipo de literatura que se tornou moda; possuem uma originalidade própria que as torna únicas e impossíveis de replicar. A sua genial ironia estabelece uma analogia deliciosa com as vicissitudes da existência humana, caricaturadas num contexto onde a imaginação não conhece limites.
Nesta primeira obra da saga, um feiticeiro fracassado acompanha um turista imprevidente numa viagem por um mundo hostil. Twoflower, o primeiro e único indivíduo a quem passou pela cabeça a surpreendente ideia de visitar terras distantes num mundo onde esse conceito é desconhecido, diverte-se a tirar fotografias a dragões enquanto estes o tentam devorar. Rincewind, o desgraçado feiticeiro a quem coube a ingrata tarefa de o acompanhar, procura desesperadamente sobreviver às situações mais inconcebíveis e improváveis, enquanto serve de involuntário cicerone ao seu alegre e inconsequente companheiro. É uma estimulante massagem para as imaginações menos convencionais. Acima de tudo, é uma leitura extremamente enriquecedora para adultos e jovens, que entretém ao mesmo tempo que transmite conceitos importantes e valores fundamentais.
“Twoflower tried to explain. Rincewind tried to understand”.
Título: A cor da magia
Editora: Gollancz
Ano: 1988
Nota: edição portuguesa da Temas e Debates