Um lago de trevas

Martin Urban cresceu num meio privilegiado. Oriundo de uma família de classe média alta, nunca teve que se preocupar com as questões prosaicas da sobrevivência diária. Trabalha na empresa do pai, reside num apartamento confortável e instalou-se comodamente numa existência banal, livre de desassossegos e preocupações. A sua paz é perturbada quando um amigo do passado, por quem nutre uma atração física intensa e recalcada, o desafia a jogar no totobola. O prémio inesperado desperta a sua veia altruísta e decide empregar o dinheiro na ajuda a pessoas carenciadas. Mas o distanciamento que sempre teve relativamente a qualquer carência económica traduz-se nalguma insensibilidade perante as verdadeiras necessidades e motivações daqueles que o rodeiam, tanto os contemplados como os excluídos. As reações são inesperadas e o desenlace será fatal.

Com «um lago de trevas», Ruth Rendell demonstra mais uma vez que a literatura policial não é necessariamente uma literatura de segunda categoria. O enredo é deliciosamente tortuoso. As personagens, amorais, sinuosas e desesperantes, caminham inconscientemente para o abismo, empurradas pelas suas próprias pulsões e necessidades, e o leitor, que conhece as motivações de cada uma, assiste impotente ao seu descalabro.

“Era uma rapariga simples, despreocupada, que não costumava desanimar por muito tempo. Tim relevara-lhe uma ocasião que uma das coisas que lhe agradavam nela consistia no facto de não ter moral nem a noção de culpa”.

Título: Um lago de trevas

Autor: Ruth Rendell

Editora: Edições 70

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